Tuesday 26 May 2009

Reciprocidade

Quero costurar-me à tua pele
e tornar-me tua substância interna.
Costurar-me e pertencer-te
de forma que sequer percebas
nem precises escolher recusar
porque de oferta de amor
em estado bruto e puro
se trata.

Costurar-me em pontos pequenos
apertados e escondidos
pontos que te atiçem os nós dos dedos,
para que possas um dia
possuir a própria costura
e costurar-te, como oferta,
que nem aceito nem recuso
porque de amor
em estado bruto e puro
se trata.
É do

imperceptível ao sol brilhante
que se esconde debaixo das máscaras
que se resguarda da vida do mundo

que eu mais gosto.
A palma da minha mão
desdobra-se para recolher os teus dedos.
Fecho-a e descubro-a vazia:
os teus dedos sempre me escapam.

Consigo guardá-los nos olhos,
e assim eles me acompanham,
mas as minhas mãos se ressentem
pois também querem os teus sentidos.

Penso em recolher-te de outra forma,
mas de qualquer uma que imagine me escapas.
Não sei se insisto, se desisto,
ou se guardo os gastos chavões
para me fazerem companhia à noite,
quando os teus dedos me invadem
e encobrem absolutos as saudades
do âmbar neutro dos teus olhos.

Tuesday 19 May 2009

quanto mais longe, mais forte
quanto mais forte, mais longe
quanto mais tudo, menos alcanço
quanto alcanço, tudo perco