Thursday 4 November 2010

Saturday 30 October 2010

mesmo
quanto te escapas
quando te esquivas
fluem através de ti as fibras do meu desejo
e
todos os meus músculos exalam o teu afeto

Friday 29 October 2010

recolho-te em migalhas
para preencher-me as paredes

abro todas as portas por onde passes

vou morrendo e nem percebo

Saturday 2 October 2010

quero teu corpo
teus dedos fáceis
teus céus como meu olhar tão límpido
tuas curvas que desconheço
tuas dobras que imagino em noites vazias
sem teto

teu gosto entre meus dentes fartos
teus traços nas minhas cruas marcas
tua sombra abrindo meu sonho
o desespero de não ter nada em volta


indefesa
como um poço inerte

Saturday 31 July 2010

imprimo o que resta de ti
para desdobrar-me depois
e saciar-me sozinha
as estrelas do meu teto espelham o formato dos teus olhos

escapo do teu medo num galope de cinco pontas
presa ao teto que as minhas paredes amparam

Monday 14 June 2010

Onde foi que me deixei à deriva?
Que desci do barco
e larguei os remos?

Penso que é frio
mas é saudade.

Tuesday 1 June 2010

Reter

a inviável incapacidade da alma em agonia
suor frio que queima e abrasa e reduz e retém
em desespero
todos os produtos internos
e se acomoda desconfortável
dentro do espaço aberto à força pela necessidade
de não extravasar, vazar, sair, explodir, não reter.

Sunday 11 April 2010

a palma da minha mão
cultiva um sol em silêncio
queima-me a ponta dos dedos
abre-me rugas que não preencho
escorre em veios de sangue incandescente
por entre os desejos que desenham meus ossos
e eu nada consigo
a não ser
as dores que cultivo

Thursday 8 April 2010





Deixo as saudades esquecidas
no banco deste aeroporto vazio.
Não as levo porque não quero,
porque o que quero é o
prazer
de reencontrá-las à minha espera
no meu retorno.

Saturday 2 January 2010

dias em que não se escreve:
nuvens ou excesso de sol

as palavras não saem
deixam-se ficar
engolidas caladas
com medo de escorregar

entre o feito sem falar
e o dito sem dizer

a calma inquieta do calar