Saturday 13 June 2009


Invento um tempo na minha palavra,
e se estás em mim é porque o meu tempo
é essa minha palavra inventada.

Existes porque te escrevo.

Posso penetrar-te e incorporar-te,
posso dizer e ser dita,
perfurar-me sem sangue e
vestir-me agonia no esvaziar das veias.
Quero ser-me todo dia.

Os canais dos meus rios estão abertos
para que me navegue e descubra
cada uma das palavras que ainda não sou.
Invento o tempo em que me crio
eu própria feita linguagem.

O risco que corro é assassinar o tempo inventado.

E quando quero sonhar-te ao meu lado
e acordo com a impressão dos teus dedos,
preciso tirar do fundo da cama a caixa
onde as minhas palavras se guardam à noite,
e soltá-las todas todas todas
todas soltas e abertas e vorazes
asas palavras na imensidão dos meus sonhos.



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