resto-me desapareço submerjo desfaço-me
à minha volta
o silêncio impenetrável
o olhar de âmbar desbotado
o perigo do quintal dos outros
o coração a incendiada respiração aflita
volto apago-me desinflamo os nervos da pele
aplico as saudáveis e transparentes compressas do amor próprio
invado-me violento-me desgarro-me para dentro de mim
para não ir ao teu encontro
encontro a solidão ao meu lado e viro-me para o outro
a porta está fechada e tu estás
mas não abres, nem eu abro
nem eu sei nem eu peço nem eu falo nem eu nada
tudo faz em mim e eu não faço
fico à espera, sentada à borda d'água
diante do espelho infiel da tua alma
perdida nas miragens nas incertezas nas impurezas perfeitas
diante do que trazes
retraio encosto meu estômago às paredes das minhas costas
percorro aflita as janelas entreabertas das casas que me habitam
nada me diz me faz me respira me é nada
a não ser o meu desejo incontrolável de que seja
e a minha tortura diária de a todo custo
não querer livrar-me de mim
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